Político dependente é uma figura curiosa. Vive de apoios, favores e bênçãos de padrinhos, mas não é — e nem deve se comportar como — um cachorro sem dono. O problema é que muitos confundem dependência com servidão. Depender de alguém para começar na política, para ganhar visibilidade ou até para ser eleito faz parte do jogo. Ninguém chega lá sozinho. O perigo é quando o político esquece que apoio não é coleira. Que quem o ajudou a subir não tem direito de puxar a corda a cada decisão. O político dependente de verdade é aquele que reconhece de onde veio, mas que anda com as próprias pernas. Que agradece o empurrão, mas não aceita a mordaça. Que sabe que lealdade não significa obediência cega. Porque quando o político se comporta como cachorro sem dono, acaba vivendo de migalhas — esperando o próximo afago, o próximo osso, o próximo “vai lá e late por mim”. E quem age assim, cedo ou tarde, perde o respeito até dos que o alimentam. Na política, a gratidão é virtude, mas a submissão é fraqueza. O eleitor não elege mascote. E quem quiser ser tratado como líder precisa, antes de tudo, aprender a andar sem coleira.