Há políticos que não disputam eleições — disputam sobrevivência. Quando percebem que o próprio brilho já não ilumina tanto, tratam logo de acender uma vela alheia. É quando surgem os prepostos, esses candidatos de aluguel, montados às pressas como quem coloca um espantalho no meio da roça para afastar a perda do poder. Eles surgem com sorriso de plástico, discurso ensaiado e a sombra do “padrinho” sempre dois passos atrás — ou à frente, dependendo da conveniência. O chefe, esse sim, permanece no comando: dita a pauta, escolhe o horário, rosna quando necessário. O preposto apenas balança a cabeça, como quem concorda com o inevitável. E assim o jogo segue: o político não larga o poder; apenas o terceiriza. Garante que o mando continue na família, no grupo, no quintal. E, se der certo, posa de estrategista. Se der errado, diz que nunca teve nada a ver. No fim, é sempre a mesma história: o povo vota no boneco, mas quem move os fios continua sentado na cadeira de sempre — acreditando que o poder, diferente das pessoas, não tem prazo de validade.