Tem político que descobriu um segredo milenar: fingir-se de doido dá mais voto do que parecer sábio. No palco da política, quanto mais ele fala bobagem, mais o povo acha graça. E se faz de desentendido — mas entende direitinho o jogo que está jogando. Ele tropeça nas palavras, confunde datas, esquece promessas… e todo mundo comenta: “coitado, é meio doido, mas é gente boa.” Pronto: virou folclore, virou “um dos nossos”. O eleitor perdoa o erro, o escândalo, o absurdo — tudo em nome do jeitinho simpático de quem parece não saber o que faz. Mas ele sabe. Oh, se sabe. Por trás do riso fácil, há cálculo. O “doido” é esperto. Enquanto a plateia se distrai com as trapalhadas, ele garante os conchavos, os cargos, as verbas, o poder. A loucura dele é estratégica: parece inocente, mas nunca inofensiva. Na política, há os que pensam demais e perdem tempo com escrúpulos — e há os que fingem não pensar e ganham eleição. No fim, o “doido” sobe no palanque rindo, dizendo besteira, e o povo aplaude, acreditando que é sinceridade. Mal sabem que, nesse teatro, o único realmente enganado é quem acredita que ele é doido de verdade.