Fuja do macio demais, do tom excessivamente educado, da concordância automática. Desconfie de quem nunca diz não, de quem aceita qualquer missão sem pestanejar, de quem ontem estava do outro lado e hoje jura lealdade eterna. Causa cautela aquele que sempre sabe mais do que todos, que faz questão de lembrar o quanto “sacrificou” a própria carreira para impulsionar a sua. Fique atento ao que tenta te isolar, ao que sutilmente afasta você de outras convivências, como se o mundo coubesse apenas naquele círculo conveniente. Esse tipo não perde eleições nem batalhas: apenas muda de endereço. Na derrota, reaparece ao lado dos novos vencedores, com o mesmo discurso, a mesma devoção reciclada. Por vezes, os adversários são mais sinceros — ao menos não escondem o conflito. Já os áulicos bajuladores causam ojeriza justamente por sua eficiência. São profissionais da conveniência, mestres na arte de sobreviver ao poder, seja ele qual for. Com eles, todo cuidado é pouco. Na política — e fora dela — a vigilância não é excesso: é imperativo.