Há deputado que confunde curtida com voto, compartilhamento com compromisso e postagem com presença. Acredita, sinceramente, que aparecer sorridente em três fotos por semana, repetir bordões prontos e gravar vídeos mal enquadrados seja suficiente para renovar o mandato. Não pisa no chão batido das comunidades, não escuta reclamação, não enfrenta fila nem sol. Mas está sempre “on-line”, convencido de que o algoritmo conhece melhor o eleitor do que o aperto de mão. Vive para a foto, governa para o enquadramento e legisla para a legenda. Esquece que rede social não vota, não enfrenta desemprego, não depende de hospital público nem de estrada esburacada. A internet amplifica, mas não substitui. Ela mostra, mas não garante. No dia da eleição, quando a urna não confirma a popularidade digital, sobra a surpresa — e o discurso pronto: “fui vítima da desinformação”. Nunca passa pela cabeça a hipótese mais simples: postagem não é trabalho, engajamento não é mandato e filtro nenhum transforma ausência em resultado.